Pequena Grande Vida se encolhe até virar irrelevante

Desde, pelo menos, “O Incrível Homem que Encolheu” (1957), de Jack Arnold, o cinema tem gostado de brincar com a ideia de encolher as pessoas. Há “Viagem Fantástica” (1966), “Querida, Encolhi as […]

Desde, pelo menos, “O Incrível Homem que Encolheu” (1957), de Jack Arnold, o cinema tem gostado de brincar com a ideia de encolher as pessoas. Há “Viagem Fantástica” (1966), “Querida, Encolhi as Crianças” (1989) e muitos outros exemplos. Até o filme “Fale com Ela” (2001), de Pedro Almodóvar, inclui um curta chamado “O Amante Minguante”, inspirado no conto “15 Centímetros”, de Charles Bukowski.

“Pequena Grande Vida”, dirigido por Alexander Payne, volta ao tema da miniaturização das pessoas. Agora, a média de altura seria de 13 centímetros. Só que aqui a brincadeira toma um ar de seriedade que, apesar da ironia e da crítica, reflete as preocupações da atualidade.

A miniaturização definitiva das pessoas, a partir de uma descoberta norueguesa, que não produz efeitos colaterais, parece se constituir numa solução para a humanidade, que está destruindo o planeta e poluindo tudo. É só criar comunidades em miniatura, onde será possível viver em casas maravilhosas, sem trabalhar, já que o dinheiro existente se multiplicará, devido à redução brutal dos gastos. É a lazerlândia, a cidade dos sonhos, a vida ideal se todos aderirem à ideia.

De esmola demais o santo desconfia, lembram-se desse provérbio? Pois é, assim é. Toda idealização desmorona porque, fincada na ilusão de uma utopia, por mais bem intencionada que seja, não resiste ao confronto com o real da vida.

Até aí muito bem, mas o filme vai se perdendo em detalhes e situações irrelevantes e acaba buscando abrigo na questão social, na opressão da desigualdade de classes e coletividades e na questão ecológica. Faz uma mistura que não funciona muito bem e que acaba por anular qualquer viés cômico que a ideia da miniaturização pudesse ter.

Além disso, é desnecessariamente longo. O resultado não corresponde à intenção. A sensação é de uma boa proposta que se perdeu no caminho, mesmo contando com uma boa produção e um bom elenco. Destaque para o desempenho brilhante da atriz tailandesa Hong Chau, num casting que ainda inclui Matt Damon, Christoph Waltz, Jason Sudeikis e Kristen Wiig.