Wes Anderson abre o Festival de Berlim com cães animados

O Festival de Berlim 2018 foi aberto pela primeira vez com uma animação, “Ilha de Cachorros”, de Wes Anderson. Assim como o primeiro trabalho animado do diretor, “O Fantástico Dr. Raposo” (2009), […]

O Festival de Berlim 2018 foi aberto pela primeira vez com uma animação, “Ilha de Cachorros”, de Wes Anderson. Assim como o primeiro trabalho animado do diretor, “O Fantástico Dr. Raposo” (2009), trata-se de uma obra realizada com as velhas técnicas de stop-motion, em que bichos falam, mas humanos não os entendem.

A trama se passa num futuro distópico, após uma epidemia de gripe canina levar os cachorros a serem isolados numa ilha do Japão, que serve de depósito para lixo. Mas o prefeito de Megasaki, amante de gatos, não se contenta e pretende implementar uma política de extermínio dos cães remanescentes. Até o cachorrinho do sobrinho do político corrupto é exilado, o que faz o menino partir numa odisseia para encontrar e resgatar seu pet perdido. Ao chegar na ilha, ele acaba conquistando a confiança de um grupo de cachorros de diferentes espécies, que, sensibilizados, resolvem ajudá-lo em sua busca. O problema é que, como eles falam inglês, não entendem o que diz o menino japonês.

Ao falar com a imprensa internacional sobre a produção, Anderson listou as influências que o levaram a filmar essa fábula. “Dois diretores japoneses nos serviram de inspiração: Akira Kurosawa, em termos de ação e personagem, e Hayao Miyazaki”, disse, citando dois mestres. “‘Ilha de Cachorros’ aspira aos detalhes e silêncios dos desenhos animados de Miyazaki. Ele é um mestre em reproduzir a natureza e momentos de paz que não encontramos na tradição americana de animação. A ideia original era fazer um filme sobre cães abandonados que sobrevivem com sobras de um lixão. Acrescentamos nosso amor pelo cinema japonês e os filmes de Akira Kurosawa, no que é uma versão fantasiosa do Japão”.

Apesar de se tratar de uma animação, Anderson afirma que “Ilha dos Cachorros” é o seu primeiro filme com viés abertamente “político”.

“No início do processo, precisávamos criar uma política para a cidade fictícia de Megasaki. Sabíamos que teríamos um prefeito corrupto e tudo o mais, dentro desse lugar que nós inventamos. Mas o mundo mudou radicalmente ao longo do tempo, então a vida real acabou encontrando o seu caminho na história do filme. A trama virou uma situação que pode acontecer em qualquer lugar do mundo, e a qualquer momento”.

Com quem explica a piada, ele acrescenta: “Os cães, claro, são pessoas, são exilados devido a um movimento político. O filme não é apenas inteiramente sobre cães”.