Pelo segundo ano consecutivo, milhões de americanas se juntaram na Marcha das Mulheres, tomando as ruas dos Estados Unidos neste sábado (20/1). Por todo o país, as mulheres caminharam em protesto ao governo de Donald Trump — que completou um ano –, embaladas pelos recentes escândalos sexuais em Hollywood, pelo movimento #MeToo e pela exigência de igualdade de gêneros.
Em Los Angeles e em Park City, onde acontece o Festival de Sundance, várias estrelas de Hollywood se fizeram presente com cartazes e discursos, entre elas as atrizes Natalie Portman, Scarlett Johansson e Viola Davis.
Natalie Portman fez uma revelação em seu discurso, contando que a primeira carta de fã que recebeu na carreira, quando tinha 13 anos, foi uma fantasia masculina de estupro. Isso a traumatizou de tal forma que ela passou a se vestir da forma mais recatada possível, para evitar se sentir desejada. Por isso, apelou para a importância de que homens e mulheres possam se respeitar para se encontrar “consensualmente com o prazer”.
Olivia Wilde lembrou que a mãe dela, Leslie Cockburn, deixou sua carreira como jornalista investigativa para buscar uma vaga no Congresso pela Virgínia, nas eleições de 2018. E conclamou as mulheres a votarem direito no próximo ano. “Será o nosso acerto de contas”, disse.
Viola Davis citou a famosa declaração de Martin Luther King Jr. de que o próprio tempo pode se tornar um “aliado das forças insurgentes” e pediu aos participantes da Marcha Feminina que não se tornem complacentes. “Quando eu levanto a mão é para todas as mulheres que ainda estão em silêncio, as mulheres sem rosto”, ela apontou.
Scarlett Johansson observou que as mulheres foram ensinadas a agradar para serem valorizados por sua conveniência para os homens. Mas o valor da mulher não depende de aprovação masculina. “Avançar no empoderamento feminino significa que minha filha poderá crescer em um mundo onde ela não precisará se sentir inferior, como é atualmente a norma social”, disse ela.
Mas até homens se manifestaram em apoio à marcha, como o ator Tony Godwyn, que lembrou o trabalho de sua bisavó, que trabalhou ao lado de seu marido para aprovar a primeira lei americana a qualificar estupro como crime violento. “Nossa associação com mulheres fortes só nos torna mais fortes”, disse ele.
Alvo de muitos discursos e cartazes, o presidente Donald Trump aproveitou para ironizar o movimento no Twitter. “Ótimo clima em todo nosso ótimo país hoje, um dia perfeito para todas as mulheres marcharem”, escreveu ele. “Saiam de casa e comemorem o nosso sucesso econômico histórico e sem precedentes e a taxa mais baixa de desemprego feminino nos últimos 18 anos!”, concluiu.
O piadista da Casa Branca tomou o troco quando mulheres vestidas como as aias da série “The Handmaid’s Tale” apareceram para protestar na sua propriedade litorânea, em Mar-a-Lago, enquanto Trump realizava um evento para levantar fundos eleitorais.
E Olivia Munn deu a resposta em seu discurso, repetindo um slogan conhecido: “Mexeu com uma, mexeu com todas”.
O arremate ficou por conta de um comentário do diretor Rob Reiner. “Se, no ano passado, as mulheres marcharam em clima de funeral por medo de quem ocuparia a Casa Branca, este ano elas protestam por saber claramente quem é ele. Não podemos mais fingir. Temos um racista na Casa Branca. Temos um sexista na Casa Branca. E ele está arruinando a nossa democracia”.