Comissão de Ética Pública pede explicações do presidente da EBC por memes irônicos contra Taís Araujo

A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu, em reunião realizada na segunda-feira (27/11), pedir esclarecimentos ao presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Laerte Rimoli, por postagens em redes sociais em […]

A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu, em reunião realizada na segunda-feira (27/11), pedir esclarecimentos ao presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Laerte Rimoli, por postagens em redes sociais em que ironizava um discurso anti-racista da atriz Taís Araújo. Durante participação no evento TEDx, a atriz disse que “no Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam as bolsas e blindem seus carros”, como forma de expor o preconceito existente no país.

Para ridicularizar o discurso, Rimoli compartilhou no Facebook um meme com uma colagem da atriz em que uma criança branca aparece fugindo em primeiro plano, ao lado da frase “Quando você percebe que é o filho da Taís Araújo na calçada”, além de um comentário no Twitter sobre pessoas que “pulam do avião” ao verem a atriz.

“A comissão examinou a partir de uma denúncia apresentada as supostas postagens em redes sociais feitas pelo presidente da EBC. São publicações que dizem respeito — em tom jocoso — a uma entrevista da atriz Taís Araújo, narrando vicissitudes que ela e sua família atravessam”, afirmou o presidente da comissão, Mauro Menezes, errando o contexto e a ocasião da frase da atriz.

Segundo Menezes, consta no código de ética do servidor público civil a “observância do decoro”, que “é um imperativo dentro e fora das instituições”. Para o presidente da comissão, mesmo que as postagens tenham ocorrido fora das atividades, elas podem terminar por afetar a imagem da administração pública. “Sem fazer juízo antecipado, abrimos procedimento para investigar a sua conduta e ele terá dez dias para prestar esclarecimentos”, explicou.

Após o caso, diversas entidades que combatem o preconceito se manifestaram em apoio à Taís Araujo e exigindo respeito. Além disso, o ator Pedro Cardoso, intérprete de Agostinho na série “A Grande Família”, protestou ao vivo no programa “Sem Censura”, da TV Brasil, abandonando o programa após fazer um discurso enfático, em que abordou a greve dos funcionários do canal, o governo Temer e a crítica fora do tom do presidente da EBC (estatal responsável pela TV Brasil) contra a atriz.

Diante da repercussão, Laerte Rimoli reconheceu que cometeu um erro e pediu desculpas públicas à atriz, usando novamente seu próprio Facebook. “Peço desculpas à atriz Taís Araújo e sua família por ter compartilhado um post inadequado em minha timeline”, ele escreveu.

Mas o presidente da EBC não foi o único integrante do poder público que se dispôs a atacar a fala de Taís. O senador José Medeiros, do Mato Grosso, disse, durante transmissão da TV Senado, que ela estava “mentindo”, “prestou um desserviço ao Brasil” e fez “discurso de ódio”, enquanto o secretário de Educação do Rio de Janeiro, Cesar Benjamim, usou seu Facebook para classificar o depoimento como “idiotice racial”, ensinando que o racismo no Brasil é “uma criação do Departamento de Estado dos Estados Unidos”.

No mesmo período em que Taís Araújo sofreu ataques de homens brancos ricos, William Waack, apresentador do “Jornal da Globo”, foi afastado por fala racista vazada nos bastidores da produção e uma autoproclamada socialite xingou a filha adotiva de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, chamando-a de “macaca” num vídeo postado na internet.