Um Belo Verão mostra romance lésbico nos anos 1970

O trabalho da diretora francesa Catherine Corsini ainda é pouco no Brasil, embora dois de seus filmes mais recentes tenham aportado por aqui em circuito reduzido, casos de “Partir” (2009) e “3 […]

O trabalho da diretora francesa Catherine Corsini ainda é pouco no Brasil, embora dois de seus filmes mais recentes tenham aportado por aqui em circuito reduzido, casos de “Partir” (2009) e “3 Mundos” (2012). Desta vez, além da curiosidade dos cinéfilos, “Um Belo Verão” ainda pode atrair um público interessado em histórias sobre relações homoafetivas.

Não que “Um Belo Verão” seja um novo “Azul É a Cor Mais Quente” (2013). Trata-se de um trabalho bem mais modesto, inclusive na produção, que se passa na década de 1970, mas que não gasta muito dinheiro na recriação de época, pois a maior parte da ação se passa no campo, onde mora uma das protagonistas: Delphine (Izïa Higelin, de “Samba”), uma jovem que tem preferência por mulheres. Sua partida para estudar em Paris faz com que ela descubra um novo mundo, mas o que mais a interessa é mesmo a agitadora feminista Carole, vivida por Cécile De France, revelada em filmes tão distintos quanto “Albergue Espanhol” (2002) e “Alta Tensão” (2003).

Em “Um Belo Verão”, ela vive com o namorado, que apoia suas causas, mas que logo percebe que está a perdendo para outra mulher. Delphine vem chegando de mansinho para transformar o que seria apenas uma aventura, de experimentar algo diferente, em uma paixão arrebatadora. E talvez o problema maior do filme seja esse: essa paixão não é devidamente passada para o lado de cá da tela. Tudo transcorre de maneira muito calma e harmoniosa.

Não que isso seja um grande problema, principalmente quando o filme mostra os belos corpos nus das moças, seja nos quartos, seja em espaços abertos. Além do mais, em nenhum momento “Um Belo Verão” é um filme aborrecido. É sempre muito simpático e agradável. Mas a diretora prefere uma abordagem mais, digamos, resumida. O mérito do filme está na forma como as duas atrizes se doam para as personagens, mais do que no roteiro simples, escrito pela própria Corsini em parceria com a estreante Laurette Polmanss.

De todo modo, o filme vai ficando mais interessante e divertido quando Delphine volta para o campo por causa de um problema de saúde do pai, e a namorada mais velha, louca de paixão, decide indo atrás, causando um pouco de confusão naquela comunidade tradicional, nada acostumada a relacionamentos entre duas mulheres.

Em certo momento, Delphine tem que decidir entre a família e a namorada. E isso não é fácil.